domingo, 31 de agosto de 2008

Se dissesse isto, você ia na mesma?

Ouvi isto esta tarde na TSF, quando vinha da praia: a Ryanair, uma das companhias "low-cost" mais populares do Mundo, sediada na Irlanda, colocou uma directiva aos pilotos afirmando que, para poupar no combustível, cujo preço nesta altura está nas nuvens, deveria ter combustível suplementar de apenas 300 kg, em vez dos habituais 5 por cento de capacidade indicados pelas directivas da União Europeia.
Ora, 300 kg é o equivalente a... cinco minutos de vôo, num Boeing 747, e qualquer comandante que não obedeça a esta indicação, recebe uma cartinha de direcção, onde em tom de ameaça, pergunta a razão pelo qual porque não obdeceu às indicações da companhia.
A ordem é de Junho, e fala-se que desde então, o numero de aterragens de emergência na Europa duplicou.
Eu sei que os "low cost" significa que, por um preço imbatível, possas voar como sardinha em lata, e teres de pagar as tuas próprias refeições. Mas isso significa também que podes brincar com as vidas dos passageiros? É que há duas semanas caiu um avião da Spanair em Brarajas, e agora se sabe de alguns pormenores, como que houve uma tentativa abortada, e certos passageiros que queriam sair daquele avião, mas a companhia não deixou. Portanto, da próxima vez que viajar nesta ou na EasyJet (ou outra...) pense bem: poupar no bilhete pode significar ter a sua vida em jogo...

O Furacão Gustav, o assunto da semana

Aí vem ele, o pior pesadelo do momento para os americanos. O Furacão Gustav, que neste momento passa por Cuba, está definitivamente a caminho da costa sul dos Estados Unidos, mais concretamente a caminho de Nova Orleães.

E antes de chegar a terra, já fez a sua primeira vítima em solo americano: a Convenção Republicana, marcada para começar amanhã, na cidade de Minneapolis/St. Paul. O Presidente Bush e o Vice-Presidente Cheney, que tinha presença marcada, cancelaram-na para poder monitorizar a chegada do furacão e coordenar as equipas de socorro.

Entretanto, Ray Nalgin, o "mayor" de nova Orleães, já accionou o alarme e mandou evacuar a cidade. Mais de 300 mil pessoas estão a caminhar para fora da cidade, à medida que se espera pelo Gustav, que deve atingir a zona como categoria 3 ou 4, ou esta noite ou a madrugada de amanhã. Será que desta vez é um Katrina II, ou desta vez, as autoridades fizeram as coisas bem feitas?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A influência do mês de Agosto nos assaltos à mão armada...

Há cerca de uma semana que não escrevo aqui. Que engraçado...


Mas também, vamos ser honestos: com um Agosto chato e com noticias diárias sobre assaltos às bombas de gasolina (e bancos, e carros armados...), tavam à espera de quê?

Claro, alguns ficariam chocacos com a pouca relevância que dou à "vafa de assaltos". Meus amigos, estamos em Agosto, o país está a banhos, não há enormes incêndios florestais, o que se pega? Ora, em algo que acontece quase todos os dias... ou julgam que ouviriam isto com tanta força em Novembro, por exemplo?

Para finalizar... li a noticia do Público sobre as propostas que o novo partido, o MMS, fez sobre a maneira como lidar com os criminosos. Será que andam a ver demasiado o "Tropa de Elite" ou o Canal Record? Lisboa não é São Paulo, meus amigos!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Obrigado Nelson, obrigado!

Há momento atrás, Nelson Évora conseguiu algo que andavamos à procura há 12 anos: uma medalha de ouro olimpica. Ele é um campeão em todos os aspectos. Não é só pela medalha, mas sim como ser humano. Não é arrogante, nem se influencia por aqueles que dizem mal de tudo, e o fazem como "desporto".

Este é um momento alto de uns Jogos Olimpicos que foram de pesadelo para a delegação portuguesa. Eveidenciou várias coisas, dos quais tem de ser corrigidos: as verbas que o Estado dá (15 milhões em quatro anos é quase ridículo), as condições que os atletas treinam, a inexistência de um centro de alta competição, e o pouco trabalho nas categorias de base. Tudo isto se evidenciou nestes jogos, mas infelizmente, esta discussão vai terminar daqui a um mês, e não devia.

Ao menos depois disto, sei que vai haver alterações. Desejo que sejam para melhor, para que em Londres começemos a ganhar mais. Não é só medalhas, porque todos não o podem ganhar, mas uma equipa melhor, mais bem treinada e bem apoiada.

Para finalzar: obrigado Nelson. 12 anos depois, vamos ouvir o hino!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Um grande favor?

Certos jornais, agora que encontraram sarna para se coçar, não se coibem em arrear forte e feio nos atletas que lá vão aos Jogos Olimpicos. A edição de hoje do jornal "24 Horas", esse belo pasquim, coloca na sua primeira página, o facto de o Estado ter gasto 15 milhões de Euros na comitiva olimpica, como se fosse um grande escândalo, porque, afinal, é à custa do "dinheiro dos contribuintes".


Fazendo bem as contas, até acho uma pechincha: essa nossa contribuição foi de 1,5 euros... durante quatro anos! Foi abdicar de três cafés em quatro anos.


Claro, a coisa não acaba por aqui. Decidiram fazer a lista das bolsas que os nossos atletas ganham patra estarem em forma, para estes Jogos Olimpicos. Com que razão? Se a ideia era de fazer indignar o povo, porque não pegam na folha salarial dos jogadores do Sporting, Porto ou Benfica? Sabem que o Porto gasta todos os anos 55 a 70 milhões de Euros, só na sua equipa de futebol? Ora... 70 x 4 são... 280 milhões de Euros! Um pouco inferior ao que os americanos gastaram na sua equipa olimpica, num ano (350 milhões de Euros)


Claro, vão dizer que são clubbes privados, são SAD's, etc e tal... mas têm secções, tem equipas noutras modalidades colectivas, como o andebol, basquetebol, voleibol, hoquéi em patins... tudo modalidades colectivas do qual não temos qualquer representante! E o hóquei não é modalidade olimpica!


É tudo muito giro, mas se a ideia era de "indignar o povinho", e fazê-los revoltarem-se contra os atletas, é mais uma vez um tiro na culatra.

Porque reparem: o futebol, esse supra-sumo, gasta muito mais do que esses 15 milhões... em quatro anos! Que aliás, o Nuno Fernandes, ex-saltador com vara (Barcelona 92) e agora presidente da associação dos atletas, evidenciou ontem à noite na RTP 1, nem é muito diferente do que em Atenas, que foram 13 milhões. No fundo, no fundo, o que está a dizer é que só aumentou devido à inflação.

Acham um escândalo Naide, a Telma o Nelson ou a Vanessa receberem 1500 euros de bolsa todos os meses? E os 25 mil ou 50 mil que recebem um futebolista do Sporting, do Porto ou do Benfica? O João Moutinho, caso seja vendido ao Everton, vai fazer entrar nos cofres do clube cerca de 30 milhões de Euros. É o dobro do custo da missão portuguesa. E num só jogador! Isso não falam, porque não lhes interessa...

Sabem? Quem me dera que esses altletas fossem como certos jogadores de futebol, que ganham muito mais do que o Gustavo Lima, por exemplo, e os gastam em carrões, putas e vinho verde. Quem me dera ver o 24 Horas a mostrar o casarão do Nelson Évora, o carrão da Naide Gomes ou os namorados da Telma Monteiro. Mas não fazem isso. Muitos deles pagaram do seu próprio bolso para estarem em Pequim, e dar o seu melhor. E os resultados que alcançam, não são o cumulo do esforço. É um milagre. Aquilo que o Cristiano Ronaldo ganha num só mês, dava para sustentar uma Federação menor, como a de remo, por exemplo, num ano. Mas pronto, isso não lhes interessa...


No final, chega-se à conclusão que, mais do que criticar as prestações dos atletas e as suas declarações infelizes (atletas que não são vistos nos jornais nos restantes 3 anos e onze meses, salvo os de atletismo, judo e triatlo...), as críticas são o espelho de um país triste, zangado, revoltado, e que tem de canalizar essa zanga e essa revolta pelo facto do emprego ser mal pago, de ver tudo a aumentar, ou que não consegue arranjar um emprego, para algum lado. Calhou por azar os atletas da missão portuguesa em Pequim. Aliás, esses zangados da vida... duvido que estejam no aeroporto para receberem os atletas, perferem ficar no sofá, a mandar bitaites...


Estes atletas são a nossa elite, muiotos deles nem são naturais daqui, mas escolheram o nosso país para viver, e representar, porque amam-no. Os "estrangeirados" como o Obikwelu, a Naide e o Nelson, são todos de fora. Todos! E merecem de nós todo o nosso respeito. Todo.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Do bom para o mau em 24 Horas...

Não passamos do oitenta para o oito, anda lá quase. Perdi a madrugada a olhar para a Naide Gomes, mais porque estava à espera do triatlo, do que estar interessado no saltos dela. Afinal, correu tudo mal.

Mas não foi só mal para ela, porque fez dois nulos e na terceira, ficou com medo de um terceiro, e fez 6.20 metros, um salto de junior. Houve muitos outros que não conseguiram o salto exigido para a qualificação (6,75), e muitas favoritas ficaram pelo caminho. Mas ver a Naide a não conseguir, é absolutamente inexplicável, porque se o primeiro salto fosse válido, era salto para o ouro. Aliás, pela cara dela, via-se que estava em estado de choque.

E agora? Ela tem 28 anos, acho que o seu momento passou. Pode ir para Londres, mas com quase 33 anos, outras surgirão... mas também, nãso é motivo para acabar a carreira. Ainda tem uma chance de ser campeã do Mundo e da Europa, não é?

Pouco tempo depois, o velejador Gustavo Lima tinha a chance da sua vida para conseguir a medalha que ele persegue desde 2000, em Sidney. Foi sexto na Austrália, quinto na Grécia, e pelo meio, conseguiu ser campeão do Mundo. Preparou-se durante três meses em Quingdao, adaptando-se aos ventos fracos da baía, para ver se conseguia alcançar o seu sonho. Quando chegou à ultima regata, depois de uma competição muito equilibrada, era terceiro, com possibilidades reais de chegar à segunda posição.

E no momento decisivo... o vento faltou e acabou em quinto lugar, falhando o bronze por um ponto. Sorte macaca! Mas a culpa não é dele, merecia a medalha mais do que tudo. Mas parece que o destino não quer nada com ele. E agora quer abandonar a competição. Compreende-se, deve ser o homem mais frustrado do mundo, alcançando o lugar mais ingrato do mundo...

Enfim, até prova em contrário, temos o Nelson Évora como nossa última chance para brilhar. Boa sorte para ele.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Obrigado, Vanessa, Obrigado!

Por fim, lá ganhamos. A Vanessa Fernandes não falhou no momento decisivo, embora não tenha tido pernas para apanhar uma Emma Snowsil que hoje estava no seu dia. E digo isto: os australianos, que são uma das grandes potências da modalidade, ainda não tinham ganho uma medalha de ouro em Jogos Olimpicos...

No final, é uma medalha de prata que sabe a ouro, e que seja um incentivo para os outros que ainda competem, e que podem ter hipóteses de medalha, como o Nelson Évora, que esta manhã também se qualificou para a final do salto em comprimento, com 17,36 metros. E nem se esforçou muito...


Parabéns Vanessa. És grande, e tens muitos anos pela frente para sacares uma de ouro, OK? E boa sorte para os outros, que se inspirem no exemplo dela!

sábado, 16 de agosto de 2008

Incrível, mas real...

Esse Usain Bolt é de facto, de outro planeta...

Primeiro que tudo: este é a primeira medalha de ouro que um jamaicanmo conquistou nos 100 metros masculinos, um feudo de americanos ao longo da história. Depois... 9,69 segundos? De que planeta vieste, Bolt? Confesso que estou chocado. Chocado com o tempo, chocado com a maneira como ganhou isto, e chocado com o facto de ter tirado três centésimos de segundo ao recorde, que já era seu.


Agora, vamos a ver se isto foi feito de um modo "fair and square", porque senão, em vez de avançar 30 anos, voltariamos mas é 20 anos no tempo...

Obrigado por tudo, Francis

O Francis Obikwelu não conseguiu a passagem para a final. Foi pena.

Aproveitou o final da corrida para anunciar o abandono da carreira. É pena.


Pediu desculpa aos portugueses por não ter conseguido a final e a medalha. Por mim, estás perdoado!




De resto... espero que esta sua passagem pelo atletismo português e pelo impacto que causou tenha um efeito duradoiro em todos nós, nem que seja para crescermos um pouco mais. Os que sentem melhor a nossa bandeira nem sempre são os que nasceram cá.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

As aspirações do Obikwelu

Começou hoje em Pequim a semana de atletismo nos Jogos Olimpicos, e ao mesmo tempo correu outra das nossas hipóteses de medalha, o velocista Francis Obikwelu.


Nas provas de hoje, Francis fez o que devia, e qualificou-se para as meias finais da competição. Está a meio caminho do seu objectivo, que é ser finalista. Espero que alcance. Mas a partir dali, já não acredito em mais nada. E porquê? Com um tal leque de excelentes candidatos (os jamaicanos Asafa Powell e Usain Bolt, o americano Tyson Gay), acredito até que Obikwelu vai se classificar na mais ingrata das posições de uma final olimpica: o quarto lugar.




Digo isto porque todos chegaram em grande forma a esta competição, mesmo Gay, que teve uma lesão nos "trails" americanos, em Junho. Para que Obikwelu consiga aquilo que quer, não só tem que estar em forma (e superar as más partidas), como também esperar que um deles tenha um mau dia. E assim, poder aspirar à medalha que tanto sonha, e que muitos comentadores da treta desesperam. Se a conquistar, optimo. Se não a conseguir, aplaudo na mesma, pois eu sei que o que conta é a carreira, e ele teve uma excepcional, em todos os aspectos... Força Francis!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A "estória" do Euro-Simpson

Os Simpsons são uma familia que vai fazer parte da nossa geração. Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie entram pelas nossas casas, neste mundo ocidental, desde há quase vinte anos, e não dão sinais de abrandar... Pois bem, a fama deles deu neste mais recente episódio, ocorrido este fim de semana na cidade de Avilés, nas Asturias, norte de Espanha.

O dono de uma loja estava a contar os trocos quando deu de si com uma moeda de um Euro onde em vez de ver a cara do Rei Juan Carlos I, estava... Homer Simpson!





"O desenho teve que ser feito por um profissional, pois é impressionante", disse o dono da loja, que já teve clientes a oferecer vinte euros por ela. Não se sabe se a coisa é um exemplar unico ou se existem mais por aí, mas a partir de agora, vou andar mais atento aos Euros espanhois, para ver se não me calha outro "Euro-Simpson"...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

As pessoas querem tudo...

Pois é... estamos com três dias de Jogos Olimpicos e já começaram as bocas foleiras nos jornais por causa do desempenho de algumas atletas. Estava no carro a ouvir o Fernando Correia, no Radio Clube Português, a troçar da prestação da Telma Monteiro no judo, e achei que aquilo que ele falava, com todo o respeito, roçou a imbecilidade. Mas no dia em que ganharmos a primeira medalha nestes Jogos, vou-me rir às gargalhadas com aquilo que estes tipos irão dizer... ai vou, vou!
É certo que não foi um bom dia para ela, e que se esperava muito mais, devido ao seu palmarés. Mas ela tem 22 anos e uma carreira pela frente... Agora, ouvir a impaciência e a "medalhite" dos "comentadores" no pais da monocultura do futebol, quase dá vontade de rir, ou então de emigrar para outro lado. Nesse aspecto, não querem ser americanos ou espanhois?
Ah... os brasileiros já alcançaram as suas primeiras medalhas, neste caso no judo. São duas de bronze, graças a Ketleyn Quadros, na categoria de -57 kg, e de Leandro Guilheiro, na categoria de -73 kg. Parabéns para eles!

domingo, 10 de agosto de 2008

sábado, 9 de agosto de 2008

Randy Pausch e a sua ultima aula

"Os homens pisaram a Lua no ano de 1969, tinha eu oito anos. Soube então que tudo era possivel. Era como se todos nós, em todo o mundo, tivessemos tido permissão para sonharmos em grande.

Nesse Verão, tinha isdo acampar e quando o modulo lunar poisou, fomos para a casa principal da fazenda, onde tinham ligado uma TV. Os astronautas estavam a demorar muito tempo a organizar-se antes de poderem descer a escada e andar na superfície lunar. Eu compreendia. tinham muito equipamento, muitos pormenores a tratar. Eu era paciente.


Mas as pessoas que dirigiam o acampamento não paravam de ver as horas. Já passava das onze. Eventualmente quando se tomavam decisões inteligentes na Lua, foi tomada uma decisão idiota na Terra. Era muito tarde. As crianças foram enviadas de volta para dormir. Estava profundamente irritado com os directores do acampamento. O pensamento que me atormentava era o seguinte: 'A minha espécie saiu do nosso planeta e aterrou pela primeira vez num mundo novo, e vocês estão preocupados com a vossa hora de deitar?'.


Mas quando cheguei a casa, algumas semanas mais tarde, descobri que o meu pai tinha tirado uma fotografia à nossa TV, assim que Armstrong pisou a Lua. Tinha preservado o momento para mim, pois sabia que podia ajudar a desencadear sonhos em grande. Ainda temos essa fotografia em album.


Compreendo quem argumenta que os milhares de milhões de dólares gastos para colocar homens na Lua poderiam ter sido usados para combater a pobreza e a fome na Terra. Mas pronto, só um cientista é que vê a inspiração como a derradeira ferramenta para fazer o bem. Quando utilizamos o dinheiro para combater a pobreza, isso pode ser de grande valor, mas com demasiada frequência, trabalhamos à margem.


Quando se colocam pessoas na Lua, inspiramo-nos todos para desenvolver o máximo potêncial humano, que é como eventualmente os nossos problemas serão resolvidos.


Permitam-se sonhar. Alimentem também os sonhos dos vossos filhos. De vez em quando, isso pode significar deixá-los acordados depois da hora de deitar."


Retirado de "A Ultima Aula".



Pausch morreu no passado dia 25 de Julho, aos 47 anos, depois de uma bataklha mediática contra um cancro pancreático, o pior de todos. O livro é uma verdadeira lição de vida, do qual se pode retirar todo o tipo de legados para o futuro. Eu escolhi este.


Jà agora, soube esta noite que morreu hoje foi o actor Bernie Mac, um dos que fez parte do "Ocean's Eleven". Tinha 50 anos, e foi vítima de uma pneumonia. E pelo que li também esta noite, temo que em breve teremos más noticias sobre Paul Newman...

A minha relação com o Trivial Pursuit

Ontem, recebi uma encomenda para o meu irmão. Quando ele chegou a casa, fui ver e descobri que era o jogo "Buzz" para a Playstation 3 que ele tem no quarto. Ele logo pediu para jogar comigo, e lá fui.

Ganhei-lhe facilmente (uma diferença de 750 pontos, acho eu), e esse episódio de ontem fez-me recordar uma caracteristica minha: sou muito bom no Trivial Pursuit.

Tenho algumas histórias a esse respeito. O primeiro exemplo é quando saio à noite, e vou jogar às máquinas do bar que frequento em Leiria. Os meus amigos chamam-me de "Bónus" pelo facto de ajudar a responder certo às perguntas que o jogo mostra. Por vezes erro, mas é só nas mais complicadas, como as de ciência de tecnologia...

Outro exemplo tem uns bons... 15 anos. Quando era adolescente, um dos meus vizinhos (agora advogado em Lisboa), tinha o Trivial, versão Junior. Ao fim de pouco tempo, ganhava aqueles jogos facilmente (por vezes em menos de meia hora...). Assim, para me complicaram as coisas, elevaram a fasquia: só levaria os queijinhos e receberia o prémio se respondesse a todas as perguntas que aquele cartão tinha. Ou seja, em vez de uma , eram seis perguntas ao qual tinha de responder. No final, a coisa demorou mais tempo, mas ganhava na mesma.

Mas o meu exemplo mais famoso aconteceu em 2003. Andava eu na Universidade de Coimbra, e aproximava-se a Queima das Fitas, e sabia que todos os anos se organizava um concurso de Trivial, dividido entre eliminatórias, quartos de final, meias e final. Fui emparelhado com um amigo meu, o Vasco Sintra (em 2002 fui com o João Vasco, hoje jornalista da Antena 1), super-inteligente e o tipo que tirava melhores notas da turma. O concurso naquele ano decorreu no Teatro Paulo Quintela, durou o dia todo, e foi muito exaustivo em termos mentais, mas depois de cilindrarmos no inicio e de termos complicações na final, ganhamos!

O prémio? Um bilhete geral para a Queima, uma poupança de quarenta euros, que gastei noutras coisas menos saudáveis...

Abel e Natália - O terceiro dia, parte 3

(continuação do episódio anterior)


Passada uma hora depois daquele encontro de terceiro grau no centro comercial, o casal estava numa praia cheia de pessoas, famílias e indivíduos de várias cores, idades e classes sociais, cada um a batalhar por um lugar ao sol naquele Domingo à tarde de calor. Quando chegaram, conseguiram encontrar com alguma facilidade um lugar para estender as toalhas, relativamente afastados da molde humana. As águas daquela baía estavam calmas, com ondas pequenas a bater na areia, numa maré a esvaziar-se, por certo. O sol, apesar de ainda ter ultrapassado o seu pico, ainda era intenso o suficiente para evitar ser exposto por peles sensíveis. Como Abel era moreno, não tinha tantas preocupações, e Natália, mesmo sendo mais branca do que ele, não tinha problemas em se bronzear, mas só depois de passar uma dose de creme solar pelas costas…

Tiradas as bermudas e a t-shirt, Abel estava estendido no sol, de óculos escuros, saboreando os raios de sol. O creme solar aplicado a ele permitiu ficar com uma camada que mais parecia óleo, pois brilhava na pele. Quando foi a vez dela, perguntou:

- Não fazes topless?
- Não costumo fazer muito, porquê?
- Ah, é que não gramo muito as marcas de bikini no corpo.
- Ai não? sorriu.
- Não. Para mim não tem piada. Parecem brasileiras…
- Como assim?
- Nunca foste passar férias no Brasil?
- Não. Porquê?
- Elas apanham sol com mini-biquinis vestidos, mas não fazem topless. Para mim é um paradoxo… não é como na Europa. Olha, vem ali uma.


Nesse preciso momento, uma jovem morena passeava com um biquini azul escuro do tipo fio dental, de mão dada a um rapaz da mesma idade dela, com um grande calção de banho, também azul mas claro, decorado com flores brancas. Tinha um colar castanho, às bolas, e uma grande tatuagem no braço esquerdo. Quanto a ela, também tinha a típica tribal no fundo das costas, para que todos pudessem ver… o moreno deles eram bastante carregados, e podiam se ver pelas marcas dos dois que tomavam banhos de sol há largos dias…

- Como sabes que é brasileira?
- Pela cara, pelo estilo. Aquela mistura é única, garota. Da mesma maneira que consigo ver uma alemã ou uma inglesa. Ou até tu, "castellana de mi corazon…”
- Ah… para com isso.

Ambos abraçaram-se ternamente um no outro. Cheiravam a bronzeador, mas pouco importavam.

- Tira a parte de cima. Quero ver as tuas mamas.
- Já não as viste hoje? Queres ver mais?
- Até queria ver-te toda nua o dia inteiro, pavoneando-se em minha casa…
- Pois não sou nudista. E aqui não se faz.
- Eu sei disso. Só que… não me digas que tens medo que a Interviu te tire uma foto?
- Não! Mas já fizeram pior… mas por ti, e como estou fora do país, hoje apanho sol com as mamas de fora.

Natália desamarrou a parte de cima e meteu-a no saco, expondo mais uma vez os seus bicos em público, à vista de toda a gente. A seguir, ficou de costas para cima, para apanhar sol como deve de ser. Abel, a seu lado, também estava de costas para cima, e passava a mão pela cara, dando-lhe mimos. Ficaram assim por mais de uma hora. Depois, virou-se, expondo tudo à vista daqueles que podiam ver e espreitar, se quisessem. Continuavam a dar mimos um no outro, e a beijar-se. Próximo das cinco da tarde, ambos levantaram-se e caminharam para a água. Foram prová-la, e a principio estava fria para eles. Mas aos poucos aventuraram-se para dentro dela, e por fim mergulharam, sem nunca perderem o pé. Depois de estarem um bocado dentro, Abel e Natália estavam abraçados um no outro, aos beijos. Subitamente, ela pediu:

- Estás de pau feito?
- Mais ou menos. Porque dizes isso?
- Nunca fodi dentro de água.
- Hã? Tu queres fazer isso?
- Tou com vontade… vá lá. Só uma rapidinha.
- Tu és doida… nem tou de pau feito, o frio da água impede isso.
- Eu ajudo-te…

Natália colocou a mão dentro das calças, mas Abel impediu-a.

- Tenho uma ideia melhor.
- O quê?
- Estimulas-me na areia, depois voltamos à água para o fazer, queres?
- Não sei… resulta?
- Deve resultar melhor do que aqui dentro, não?


Ambos saíram da água, e foram para as toalhas enxugarem-se. Depois disso, voltaram a deitar-se, começando aos beijos e abraços. Com o tempo, já tinha crescido um grande volume dentro dos calções de banho de Abel, e Natália não escondia a excitação que isso lhe causava. Passada uma meia hora, ambos rumaram de novo à água, com as mãos nas nádegas um do outro, e ela com a cabeça encostada ao ombro dele. Entraram até quase ao peito, e começaram a abraçar e a beijar. No minuto a seguir, Natália, dentro de água, meteu a mão dentro dos calções e agarrou no pau erecto. Ajeitou os calções, e avançaram um pouco mais, com a água quase ao pescoço de ambos. Depois, ela subiu ao colo dele, mas aparentemente, por baixo de água, tinha conseguido puxar a cueca fio dental um bocadinho de lado para poder enfiá-lo dentro dela. Soltou um gemido, à medida que o enfiava debaixo de água, e parou por um momento, e logo a seguir fez movimentos lentos. Para que as pessoas à sua volta não se apercebessem do que se estava a passar. Beijavam-se apaixonadamente, mas a penetração era lenta, e um pouco frustrante. Passados cinco minutos, Abel disse:

- Não vai dar, é melhor pararmos por aqui.
- Também digo. Esta praia não é muito boa para isso.
- Se fosse mais desértica, até fazia. Mas isto..
- Tem famílias, não é?
- Mais ou menos. Tem é muita gente.
- Compreendo. Fazemos depois, noutro lado.

Ajeitaram-se um pouco, continuaram a beijar-se e depois saíram da água. Foram para as toalhas para se enxugar um pouco. Ficaram por lá mais algum tempo, até perto das seis e meia da tarde, altura em que arrumaram tudo e começaram a empreender o caminho para casa.

(continua)

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Em momento de celebrar a paz, a guerra iminente...

É um pouco irónico, mas é verdade. À mesma hora que assistiamos na TV a cerimónia de abertura dos Jogos Olimpicos de Pequim, a Georgia e a Russia estão prestes a declarar guerra (se é que ainda não o declararam) por causa da região separatista da Ossétia do Sul.

Tudo começou esta madrugada quando as forças georgianas atacaram a cidade de Tskhinvali, causando pelo menos 30 mortos entre os soldados russos. A Ossétia do Sul, uma região separatista da Georgia, que declarou unilateralmente a independência em 1990, e que se quer unir à Rússia, é uma das duas provincias que fazem parte da ex-república soviética (a outra é a Abkhazia), e que não reconhecem as autoridades de Tiblissi.
A reacção russa não se fez esperar: mandaram tropas para a Abkhazia, alegadamente para proteger as tropas russas, mas há quem afirme que isto é uma declaração implícita de guerra à Georgia. A provar isso, jactos russos já sobrevoaram Tiblissi e atacaram uma base do Exército, com relatos de 15 mortos entre os soldados georgianos.


A escalada do conflito é preocupante, claro. Aliás, estamos a falar de um país onde o primeiro-ministro é Vladimir Putin, ex-presidente da República e um "falcão". E é irónico (ou talvez não...) que isto aconteça no dia em que o Mundo inteiro celebre a paz universal entre os povos, não acham?

Os Jogos Olimpicos, versão Ivan Capelli

À hora que escrevo isto, decorre em Pequim a cerimónia de abertura dos Jogos Olimpicos. Ora, como vai haver três semanas sem Formula 1, e o "Ivan Capelli" (um brazuca admirador do piloto italiano, que surrupiou o seu nome!) decidiu unir o últil ao agradável, é lá fez os seus Jogos Olimpicos, num regresso daquele humor infame que o celebrizou no inicio da sua carreira!

Ontem e hoje já meteu duas "modalidades" ganhas até agora por pilotos italianos. E um dos "favoritos" já ganhou o seu primeiro ouro... aproveitem para carregar no play e ver os videoclips bem humorados, enquanto os idiotas da Formula One Management não os tirarem do ar!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Mais uma historieta dos Jogos Olimpicos

Nos primeiros tempos após a formação dos Jogos Olimpicos da Era Moderna, a coisa era tratada, como direi... abaixo de cão. Foi assim em 1900 e 1904, como uma espécie de "artracções laterais" das Feiras Mundiais que se realizaram nesses anos. Foi aí que se viram muitas coisas que envergonham, pelo menos hoje em dia, os actuais mebros do Comité Olimpico Internacional...
Em 1904, os Jogos Olimpicos foram pela primeira vez organizadas nos Estados Unidos, mais concretamente na cidade de St.Louis. Integrado na Exposição Universal desse ano, para comemorar o Centenário da integração do Louisiana nos Estados Unidos, foi um evento mais lateral do que outra coisa. Como ponto alto, decorreu a Maratona dos Jogos Olimpicos. Decorrido em Setembro, sob calor e muito pó, deve ter sido a mais bizarra de sempre da história, porque o primeiro a cortar a meta... fez batota, e o segundo (e verdadeiro vencedor)... dopou-se, e quase morreu disso!

O "batoteiro" era Fred Lorz, que tinha desistido aos seis quilómetros, e tentou voltar ao sítio onde tinha largado as roupas. Para isso, apanhou uma boleia de carro, de cerca de 18 quilómetros, e quando saiu para fora, perto da meta, decidiu correr até lá. Quando o viram, pensavam que era o primeiro a cortar a meta... e foi na onda! Mais tarde descobriram a marosca, e castigaram-no, banindo-o das provas durante um ano (ai, meu Deus, se soubessem o castigo que aplicamos aos dopados...). Mais tarde, ganhou a Maratona de Boston... mas foi a sério!

O "dopado" foi Thomas Hicks. Britânico naturalizado americano, esteve na frente até ao quilómetro 28, altura em que se sentiou mal e parou para descansar. Um dos médicos que o acompanhava, deu-lhe 1 mg. de estricnina misturada com "brandy". Permitiu regressar à corrida, mas não por muito tempo, pois desmaiou de novo, e foi-lhe aplicada outra dose de estricnina. Quando cortou a meta, desmaiou. Mais tarde, afirmou-se que caso tivesse sido aplicada outra dose, teria sido fatal.

Sim, meus amigos, os Jogos Olimpicos têm imensas destas "estórias"...

Fui desafiado, logo...

Aceito!

A querida Djinn desafiou-me acerca das oito coisas que gostaria de fazer antes de esticar o pernil. O meu problema nem é tanto a falta, mas sim o excesso, pois há muita coisa que gostaria de experimentar, não é? E se o senhor lá de cima concedeu-me uma longa vida (acreditem, sei o que digo!), é para ver se as concretizo, certo?

1 - Viajar para Bora Bora e às Seychelles.
2 - Escrever mais do que um livro.
3 - Assistir a uns Jogos Olimpicos ao vivo. Já sabem onde me procurar em 2012!
4 - Assistir às 24 Horas de Le Mans e às 500 Milhas de Indianápolis.
5 - Arranjar uma casa de praia num paraíso tropical qualquer e lá viver a minha velhice. E não é no Brasil!
6 - Guiar um Formula 1, dos verdadeiros.
7 - Fazer o Plymouth-Banjul, o mais louco dos ralis, a bordo de um Renault 4.
8 - Ser o proprietário de um Porsche 911 dos antigos.


E agora, a quem vou passar o desafio? Boa...
Maryposa
Groo
Sancho Pensa
Confidente
Dois em Mim
Priscilla
Pezzolo
Dispenso
Nem todos vão responder, mas... who cares?

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Que chatice...

Parece que houve esta manhã um golpe de estado na Mauritania. Mais um num estado africano qualquer...
Claro, a União Europeia e a União Africana já condenaram o golpe, como seria de esperar. Afinal, correram com um chefe de Estado democraticamente eleito (o primeiro em quase 50 anos de história daquele estado) e que nos últimos tempos, ele andava a abusar do poder naquelas bandas. Primeiro, foram 44 deputados que se demitiram do seu partido, ameaçando formar outro, e depois demitiu o chefe do Exército e o seu adjunto. O que fizeram? Ora, o costume nesse tipo de países: um golpe de estado.
Para já, Sidi Ould Cheikh Abdallahi, o primeiro Presidente democraticamente eleito desse país, foi detido e levado para local desconhecido, enquanto o primeiro-ministro, também ele capturado pelos militares, foi levado para uma caserna perto do edifício da presidência. Apesar da situação estar calma, a radio e TV locais deixaram de emitir, e o aeroporto foi encerrado.
Africa, Mãe Africa. Será que nunca conseguirás ser "normal"?

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Uma historieta de Jogos Olimpicos

Estamos em 1980. Os Jogos Olimpicos de Moscovo estão a decorrer, com o boicote generalizado dos países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos. As arenas desportivas tinham virado mais um palco da Guerra Fria...

Indiferentes a isso, os atletas competiam nas provas com, claro, os países do Bloco do Leste a levar a esmagadora maioria das medalhas. Uma das provas em que se sabia que tal iria acontecer era no concurso do salto em altura. Aqui havia uma competição entre a União Soviética e a Polónia. Os russos assobiavam Władysław Kozakiewicz, pois apoiavam o homem da casa, Konstantin Volkov. Enraivecido, salta 5.75 metros, e ganha o concurso, mesmo nas barbas dos russos.

Ainda mais confiante, decide saltar 5.78 metros, e caso passasse, seria recorde do mundo. Pegou na vara, correu, colocou-a no local exacto... e passou. Excitado, decide retribuir o gesto ao público que o tinha "apoiado". Na Polónia ele foi aplaudido, e o seu gesto foi simbolizado como um sinal de resistência ao então regime. Enraivecido, o embaixador soviético exigiu que fosse retirada a medalha a Kozakiewicz, mas o governo respondeu que o gesto tinha acontecido devido a um "espasmo"...

Uma coisa é certa: a foto correu mundo e foi considerado como uma das mais simbólicas daqueles Jogos. Kozakiewicz desertou para a Alemanha quatro anos mais tarde, onde encerrou a sua carreira, e hoje em dia é considerado como um herói nacional.

O meu momento cómico do dia

Ontem à noite, enquanto escrevia uma matéria para o outro blog, dei por mim a navegar noutros blogs, e calhou num onde mostrava um clip de onze minutos de um filme porno "made in Portugal". Como é obvio, todos os filmes porno tem o mesmo tipo de enredo, mas como nunca tinha visto nenhum feito neste rectângulo à beira-mar plantado (sim, confesso: nunca vi "Fim de Semana Lusitano"...)
O título era "Xana, a empresária", acho eu. E quando via aquilo, não deixava de me rir com aquilo, de tão amador que aquilo era. Não se pode pedir a esses tipos que sejam profissionais como nos "States" ou até na vizinha Espanha, mas aquilo... era cómico. Mostrar as luzes de projecção, o "camaraman" não conseguia fazer os "close-ups" devidos numa situação de "a três", e no final, o mais ridículo: fazer um close-up a uma "t-shirt" pendurada no tecto a dizer "Platina Filmes" no momento em que um dos rapazinhos se vinha na boca ou na cara da "Xana".
Digo-vos isto: daqui a 30 ou 40 anos, os sucessores dos Gatos Fedorentos (ou até os próprios, se virarem uns velhos jarretas insuportáveis...) farão destes filmes pornos quase caseiros uma verdadeira mina de Tesourinhos Deprimentes...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Uma frase deste dia de Verão

"Portugal, como sempre, anda distraído com as aquisições dos clubes de futebol. Porque o ponta de lança tarda, porque a equipa não arrasa, como se esperaria que se arrase. O país ainda não repara nos Jogos Olimpicos. Não espera por isso nada de especial. Apenas tropeçará neles quando entrarem pela casa num ecrã de TV. Não é um país injusto, é um país distraído e inculto. Às vezes, por aquilo que se vê, ainda incivilizado."

Vitor Serpa, director do jornal "A Bola", 4.8.2008.

Ouvir isto da boca do director de um jornal desportivo é mais uma elucidação do país que somos. Quem fala assim não é gago...

Na minha opinião, acho que dos três que temos, "A Bola" deve ser o jornal mais culto e mais eclético. E também acho que a menos de quatro dias da abertura de mais uma Olimpiada, desta vez em Pequim, estes podem ser uns jogos inesquecéveis para nós. Pode ser que nos esquecemos, por momentos, da futebolada e da "silly season"...

Abel e Natália - O terceiro dia, parte 2

(continuação do capitulo anterior)

Pouco tempo depois, Abel e Natália estavam a caminho do centro da cidade no Mini vermelho dele, procurando por uma loja aberta. Ele vira-se e pergunta.

- Sinceramente, o que achaste dela?
- Muito estranha. A história dela, o pedido dela… tudo muito estranho.
- Ainda acho que esconde alguma coisa.
- Também acho. Acho que essa “cola” ao Javi não é inocente.
- Não, não vou por aí… acho que foi coincidência.
- Mas por outro lado… ela não quer fazer mal. Se nos quisesse, já teria feito.
- Cá para mim, acho que é uma coleccionadora.
- De quê?
- Quecas, disse, soltando uma gargalhada.
- Hmmm… obsessiva não é, caso contrário, não nos largaria. Acho cá para mim, ela quer é divertir-se, como se não houvesse amanhã?
- Não sei te responder, garota. Combinaram alguma coisa?
- Até caso em contrário, só nos vemos amanhã, no aeroporto.
- Ah pois, amanhã vais… disse, baixando subitamente o tom de voz.


Natália passa a mão pela perna de Abel e diz:

- Prometo voltar, ouviste? Quero ficar contigo para sempre.
- Espero que o teu desejo seja cumprido
, afirmou não sem uma ponta de tristeza. Volta logo!

Pouco depois, Ambos chegaram ao estacionamento de um centro comercial, e subiram no elevador que os levava para o piso térreo. Lá, um grande átrio os levava para uma série de lojas de todos os tipos, desde os de roupa até aos de electrodomésticos, passando por uma livraria, uma loja de telemóveis, uma loja de bijuteria e lojas de sapatos. No andar de cima estavam as cadeias de “fast-food”, desde hamburguers até pizzas, passando por uma de comida indiana e outra de comida mexicana. Como era quase meio-dia, combinaram ir para lá depois das provas de roupa.

Ao longo do tempo, cada um para o seu lado, Abel andou a ver um ou outro calção de banho, e uns óculos de sol, enquanto que Natália provava os bikinis que via na secção de senhora. Após meia hora, Abel foi ter com Natália, que trazia, em cada mão, dois conjuntos, que variavam entre um vermelho, um multicolor, um preto e um verde limão. O que se notava era a reduzida área de cobertura, suspeitando até que eles todos fossem de fio dental. Mas depois iria ver com mais calma…

O vestiário das mulheres normalmente era concorrido, mas naquele Domingo à hora do almoço estava mais vazio do que o habitual. Abel esperava lá fora, não se atrevendo a entrar lá dentro, pois não queria ser apanhado por algum funcionário da loja. Quando a viu com o bikini verde limão, ficou deslumbrado com o resultado, e foi ter com ela. Contudo, ela virou-se e disse:

- Achas que a devo levar?
- Acho que sim, porquê?
- Ahhh… gostei do multicolor.
- E é fio dental, como este?
- São todos.
- E têm o nó aí na cintura?
- Agora tem todos.
- Ah… eu nestas coisas sou um pouco Neandertal.
- Ah, ah, ah!
- Mas estás gira… e não vais levar esses sapatos para a praia, pois não?


Natália ainda tinha os sapatos de agulha calçados. Ela responde:

- Claro que não. Compro umas… como se diz?
- Havaianas. É um termo importado do Brasil. E compra também uns “shorts”, que pelos vistos, não estais preparada para a praia.
- Huhhh… pois não.
- A t-shirt pode ficar. Mas devolves-me no final do dia.


Ela provou os fatos de banho que pode, mais os “shorts” e as havaianas. Demorou quase uma hora, algo que Abel tinha demorado quase 20 minutos, e ele tinha ido comprar umas bermudas com camuflado de tropa e umas havaianas, para além de uns óculos de sol. Antes de pagar, na caixa registadora, ela ainda teve tempo para experimentar e comprar também uns óculos de sol. Nessa incursão pelas compras, não devem ter gasto mais de 250 Euros, que apesar de ser muito, não seria possível noutros lados…

Depois de um almoço rápido, ambos pensaram em ir a casa, mas ele decidiu que o melhor seria cada um ir a uma casa de banho pública, para trocar de roupa. Como cada um tinha um saco, até seria rápido e poupava uma viagem a casa, já que Abel tinha no carro o saco com as toalhas e o protector solar, bem como uma garrafa de água de litro e meio.

Abel entrou na casa de banho dos homens, que ficava no final de um corredor estreito no mesmo andar dos restaurantes e bares, e não viu ninguém. Foi direito a um compartimento, e fechou a porta. Lá, tirou as calças e colocou as bermudas de camuflado. Depois, tirou os ténis e as meias, e calçou as havaianas, ficando contente por as colocar, pois até era uma mudança nos hábitos diários, e também, o calor a isso obrigava… Quando se preparava para sair, ouviu uma porta a abrir-se no seu lado esquerdo. Quando ela se fechou, começou a ouvir barulho de lábios a beijarem-se. Ficou espantado, mas curioso, e não fez um único barulho, porque queria ouvir o que se iria passar nos momentos a seguir. Os segundos passavam-se, mas pareciam eternidades, Dos beijos, passou a ouvir um ou outro gemido. Logo a seguir, ouviu baixinho a seguinte frase:

- Agora, chupa o meu caralho.

Abel ficou ali, imóvel, sem fazer barulho. Pensava se deveria sair dali, ou então se espreitava por um momento, para satisfazer a curiosidade, ver quem eram e o que se passava. Entretanto, o ruído de algo dentro da boca, ouvia-se quase em surdina, mas poderia ouvir-se, caso tivesse uma audição apurada. Devagarinho, tirou os chinelos e subiu, numa lentidão quase exasperante, para poder olhar, de nesga, o que se passava. Mas quando se preparava para subir, decidiu tirar o pé da tampa, e abaixar-se para ver os pés, no sentido de ter uma ideia do que se passava. Entretanto, a voz masculina dizia mais uma vez, numa voz baixinha:

- Ah, és tão bom. Queres que to enfie?

No momento em que o dizia, Abel olhou para baixo, e notou que ambos calçavam pares de ténis. Não queria dizer nada, mas tudo era possível. Mas a seguir, ouviu outra voz a dizer:

- Não, quero que agora chupes o meu caralho.

Abel tentou conter o riso. Eram dois homens a ter sexo oral numa casa de banho pública. Por aquilo que calçavam, deviam estar na casa dos 20, 30 anos. Depois de passar o momento de riso, decidiu que era altura de sair dali, pois ver dois homens não era do interesse dele. Calçou as havaianas, saiu dali pé ante pé, tentando respirar devagarinho, para não estragar aquilo que eles faziam, e quando transpôs porta fora, não resistiu a dar um sopro de alívio. Natália esperava fora.

- Então, que passa?
- Demorei um pouco.
- Porquê?
- Olha… por tudo.
- Como assim, por tudo?
- Daqui a uns minutos, explico-te. Anda, vamos para fora.

Foram para fora dali, e quando saíram do corredor, foram para um átrio onde ele poderia ver razoavelmente bem quem sairia ou entraria dali. Naquele corredor, tinham duas hipóteses: ou iam para o átrio, ou iam para os elevadores, que ficavam do outro lado. Abel virou para ela e disse:

- Fica aqui que quero ver quem eram os meninos.
- Quem eram o quê?
- Eu explico. Apanhei dois homens a fazer broches um ao outro.


Natália riu-se abertamente, à gargalhada.

- A sério? O sexo não te larga, cariño. Ou somos nós, ou são eles. Ou elas…
- Engraçado… agora espera um pouco, porque tenho curiosidade para saber quem são.
- Não devem ser nada de especial, vamos, disse Natália, que agarrou a mão dele e começou a andar para fora dali. Mas Abel segurou-a, afirmando:
- Dá mais um minuto, que eles devem sair de lá.


Ela já começava a ficar um pouco aborrecida.

- Ouve, não há nada de especial nisso. Apenas são dois homens a amar-se.
- Numa casa de banho pública? Nem eu nem tu faríamos uma coisa dessas…
- Tu podes responder por ti, agora eu não…
- Tá bem, mas tenho curiosidade.
- Ai ai. Vocês são um pouco estranhos…
- Não é estranheza. Apenas uma situação no qual fui apanhado.


De repente, a porta abriu-se, vendo dois homens a sair, um atrás do outro, ambos com um porte impressionante, de segurança. Um era mestiço, o outro mais claro. Abel espreitou o corredor, mas não se atreveu muito, para não dar nas vistas, e viu-os dirigirem-se para o elevador. Enquanto eles esperavam, reparou que um deles estendeu a mão ao bolso de trás das calças dele, e enfiou a mão. Ela viu e disse:

- Estes devem assumir mais ou menos.
- Se calhar não são de cá.
- Não, que eu os ouvi falar em português. Mas porquê fizeram ali?
- Não tinham muito tempo, se calhar…
- Queres fazê-lo ali?
- Ah, ah, ah… o que quero agora é sol e praia, afirmou Abel.
- Acho que sim, merecemos um dia de descanso.
- Mas no final do dia, tu não escapas, ouviste, afirmou, enquanto se aproximava para lhe dar mais um beijo longo nos lábios.

(continua amanhã)

domingo, 3 de agosto de 2008

O "PJ" volta, mas...

Os administradores do Primeiro de Janeiro anunciaram que irão voltar amanhã, de cara lavada, mas provavelmente com o formato de gratuito. Contudo, o assunto que interessa, ou seja, a reintegração dos jornalistas despedidos, eles nada adiantam, mas o mais provavel é que eles não os vão reintegrar.

E mais: o que se fala é que vão usar estagiários para fazer funcionar o jornal. Como os estagiários trabalham de graça, só para colocar no currículo, façam as contas, não é?

Era como alguém dizia hoje: se tivessemos de votar para voltarmos aos tempos da escravatura, haveria quem o fizesse alegremente...

Acerca do livro "O Segredo"...

"O Segredo" deve ser o livro da berra, a par das outras obras de "literatura light" que estão por aí, que encaninha todos os tops das livrarias (já agora, não os levem a sério...) Para mim, aquele tipo de livro li-o há uns bons dez ou doze anos, quando tinha prá aí vinte anos. Era engraçado de ler, mas não alterou a minha vida por ali além...

Mas a razão pelo qual eu trouxe para aqui o assunto desse livro, foi o post que o meu conterrâneo do Rapador escreveu acerca do dito cujo. Sei que a sua escrita é de um humor perfeitamente ácido e sarcástico, para não dizer cruel. Eis um excerto desse post:


O que é O Segredo?

O Segredo é um livro de auto-ajuda que leva o leitor a atingir os seus sonhos. A própria contra-capa do livro (sim, tenho-o aqui comigo, mas ninguém sabe de onde ele apareceu) diz que: "«À medida que descobrir O Segredo, ficará a saber como pode ter, ser, ou fazer tudo aquilo que deseja. Descobrirá a verdadeira magnificência do que o espera na vida.»"

Diz ainda que: "O Segredo, antigo de séculos, foi compreendido por algumas das pessoas mais importantes da história: Platão, Galileu, Beethoven, Edison, Einstein, bem como outros inventores, teólogos, cientistas e grandes pensadores."

No site da FNAC diz-se que o livro já vendeu mais de 3,5 milhões de cópias só nos Estados Unidos e, se em Portugal está nos tops de vendas, é sinal que já vendeu uns bons milhares por cá.

Com tanta gente a ficar a saber d'O Segredo, há questões que se impõem e me fazem uma certa comichão cerebral:

Não deviamos ter agora pelo menos 3,5 milhões de génios nos Estados Unidos e mais uns milhares em Portugal? Onde é que andam os novos milionários? Onde é que anda o novo cientista que descobriu a cura para a SIDA? Onde anda o novo Beethoven? Onde está o inventor da energia limpa e barata? (...)

Eu não digo que o livro seja uma patacoada, nem digo que isso não ajude aqueles que não tem problemas de auto-estima. Mas para um sujeito como eu, essa coisa não me aquece nem me arrefece...

sábado, 2 de agosto de 2008

Petites Nouvelles de Beijing...

Pois é... falta menos de uma semana para começar os Jogos olimpicos de Pequim, e soube ontem quem vai ser o nosso porta-estandarte: o saltador Nelson Évora. Acho que até é bom augurio, pois ele é uma das nossas melhores chances de vitória. Há doze anos atrás, demos o estandarte à Fernanda Ribeiro, e ela ganhou a medalha de ouro, batendo uma chinoca!


Outra coisa interessante: depois dos jornalistas acreditados na capital chinesa terem-se queixado ao COI (Comité olimpicos Internacional) de que o acesso aos sites incómodos ainda estava barrado, apesar das promessas em contrário, o governo chinês lá acedeu e dedidiu levantar as restrições. Agora, a minha dúvida é esta: é só no Media Center, em Pequim ou na China inteira? Temos tecnologia para tudo isso, sabiam?




Para finalizar: Angola vai levar a sua maior delegação de sempre: 30 atletas. É excelente, mas quando descobres que desses 30, só um é um atleta individual (João N'Tyamba, 40 anos, maratonista, e vai nos seus sextos Jogos!) e o resto são uma dupla de voleibol de praia, a equipa masculina de basquetbol (multiplos campeões de Africa) e a equipa feminina de andebol (idem aspas), só posso dizer que ainda falta muito para serem uma potência africana...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

The End: O Primeiro de Janeiro (1868-2008)

Digam o que eles disserem, eu estou como a maioria: o jornal Primeiro de Janeiro, tal como conhecemos, morreu hoje.


A noticia tinha sido divulgada em alguns sitios durante a tarde, mas só foi confirmada esta noite. Coloco aqui alguns excertos do artigo sobre o assunto vindo do jornal Público:

A desconfiança pairava na redacção. Os jornalistas temiam o pior quando a directora de “O Primeiro de Janeiro”, Nassalete Miranda, hoje convocou uma reunião geral. “O jornal vai fechar”, comentava-se em surdina. Não foi bem isso. Miranda disse que o jornal seria suspenso durante o mês de Agosto, e que era preciso “tempo para a modernização”.

Os trinta trabalhadores seriam despedidos em bloco. Nenhum teria direito a receber uma indemnização. Accionar-se-ia o fundo de garantia salarial. Os que desejassem seriam contratados para a nova empresa, o novo jornal seria feito com uma equipa mais ou menos do mesmo tamanho. E a aposta continuaria “a ser no noticiário do Porto, da região Norte e da cultura”.

Sábado, “O Primeiro de Janeiro” já não sai. Nervosos, os trabalhadores arrumaram as suas coisas dentro de caixas. À porta, fumavam-se muitos cigarros, discutia-se muito o futuro. Há quem ali já trabalhe há 14 anos.

Ao mesmo tempo, na empresa que trata dos cadernos especiais e da publicidade do jornal, era apresentado um novo projecto que mantinha o título d’ “O Primeiro de Janeiro”. O periódico renasceria com novo grafismo e com um aumento de tiragem de 20 mil para 50 mil exemplares. Foi mesmo mostrado o novo cabeçalho, no qual se faz referência aos 140 anos do título e se inclui o slogan “ontem, hoje, amanhã”. A aparente contradição entre o despedimento em bloco da redacção e o anúncio do novo projecto leva alguns jornalistas a admitir que possa estar a ser preparada a conversão do Janeiro em gratuito.

Já agora, coloco aqui um testemunho pessoal: no ano passado, estive por um triz para entrar lá. Respondi a um anuncio, sem saber muito bem ao que era, e fui parar a uma zona industrial, no caminho do Aeroporto Sá Carneiro, longe como tudo na zonda do Porto. Ao lado, tinha um motel e um bairro popular. A ideria era trabalhar nos suplementos do jornal. Suplementos institucionais, com um salário de 500 euros mensais. Depois de ver os prós e os contras, recusei a oferta, pois sabia que no final do mês ainda teria que pedir dinheiro para sustentar os transportes, por exemplo... isto, se não arranjasse casa por perto, provavelmente com uma renda aberrante!

No final, tenho pena dos que lá estavam. E tenho pena que mais um título histórico se extinga. Mas também, há anos que se definhava... e há muitos jornais assim. De memória lembro dois semanários: O Diabo e O Semanário. Quem os sustenta?

E digo mais: tal como isto está, o jornalismo escrito vai-se reduzir, qualquer dia, a dois ou três jornais diários nacionais, sustentados em grupos, e uma míriade de gratuitos... hoje em dia, tirando os desportivos e os económicos, parece que não vale a pena sustentar um projecto jornalistico independente...