O Fevereiro, no Hemisfério sul, não é propriamente o nosso Agosto, mas anda quase. O sul da Austrália, este magnifico país continente, tem um clima mediterrânico, tal como o existente em Portugal, Espanha, França Itália, Grécia... e é quente e seco, sujeito a ondas de calor.
Todos ainda se recordam das ondas de calor em 2003, e dos fogos florestais que daí surgiram. Aqueles dias do inicio de Agosto foram um verdadeiro Inferno. Pessoalmente, cheguei a ver cinco frentes de fogo a vinte quilómetros de casa, e muita cinza no meu quintal. Tanta que cheguei a colocar as minhas cadelas fechadas dentro para evitar que ficassem intoxicadas com o fumo e com as fagulhas. Naquele inferno, no qual arderam mais de 400 mil hectáres, morreram cerca de 25 pessoas, entre bombeiros e populares.
Por estes dias, ao ver as fotos dos fogos florestais na estado de Victoria, na Austrália, onde após mais de um mês de calor tórrido (médias superiores a 35 graus), os fogos florestais vieram em força, voltei a recordar o pior do nosso Verão. Lá, tal como cá, alguns deles aconteceram devido a mão criminosa. E o resultado é devastador: milhares de casas queimadas, vilas inteiras reduzidas a cinzas, mais 330 mil metros quadrados reduzidos a cinzas, o equivalente a 65 por cento da áera do Algarve. Mas o saldo humano é ainda mais devastador: 175 mortos confirmados e dezenas de desaparecidos, apenas porque a velocidade inaudita das chamas, e as arvores derrubadas na estrada, fizeram com que as pessoas não conseguissem fugir a tempo. “Foram-se todos. Todos. As casas deles desapareceram. Estão todos mortos, ali, dentro das casas. Estão todos mortos”, lamentava à Reuters hoje de manhã um dos sobreviventes de Kinglake, localidade dos arredores de Melbourne.
Desses mortos, a vítima mais famosa é Brian Naylor, um antigo "pivot" televisivo do Channel Nine, uma das cadeias nacionais, morto na sua casa juntamente com a sua mulher Moiree, em Kinglake. Contava 78 anos.
Estes são os piores incêndios florestais no país em cem anos, e a maior catástrofe que o país viveu em tempo de paz. Quando o primeiro-ministro Kevin Rudd soube que alguns dos incêndios podem ter mão criminosa, disse isto: “Não há outra maneira de o descrever senão como um homicídio em massa”. Muitos incêndios ainda estão por controlar, mas as temperaturas já baixaram um pouco, o que permite aos bombeiros controlar melhor as chamas.
Daqui a cinco meses, voltaremos a estar em pleno Verão. A unica coisa do qual posso torcer é que seja algo semelhante aos dos últimos quatro/cinco anos: ameno, sem ondas de calor pelo meio. Não dá jeito nenhum ter um Verão infernal...
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