sexta-feira, 4 de julho de 2008

Abel e Natália - O dia seguinte, parte 4

(continuação do capitulo anterior)


Quando Natália se sentou ao lado de Abel, apanhou-o numa conversa animada com Marco acerca de carros, algo ao qual ela foi sempre completamente alheia, apesar de pelo menos uma vez, nos tempos de estudante em Coburgo, ele depois de uma queca de Sábado à noite, não tenha ido deitar logo a favor de um Grande Prémio de Formula 1 na Austrália. Nerssa altura ficou um pouco chateada, mas depois, a coisa passou, porque sabia que quando as corridas eram na Europa ou na América do Sul, normalmente não o faziam porque não calhava. Mas se fosse futebol, podiam fazer à vontade. Mesmo ela, adepta ferrenha do Real Madrid, não se importou de "levar à canzana" emquanto via o jogo dos quartos de final contra o Chelsea... afinal, eles tinham ganho por 2-0 no Santiago Bernabéu, com um golo do Zidane e outro do Raúl...


Natália pensava na maneira como transmitir a noticia e ele. Desconhecia a reacção a uma proposta como aquela que a Fernanda lançou, pois também sabia que Abel olhava-a com algum désdem, e não queria ver aquele fim de semana de sonho estragado por uma loucura de meia-noite... entretanto, Fernanda senta-se do outro lado de Abel. Ele tinha acabado de discutir com Marco, e estava a dirigir a sua atenção para ela, quando se segredou ao ouvido:

- Cariño, tenho uma proposta para ti.
- Qual é?
- Estarias disposto a fazê-lo onde?
- Onde tu quiseres
- E com quem?
- Contigo, ora.
- E se alguém nos estiver a ver?


Abel hesitou um pouco e disse:


- Queres fazê-lo num local público? Mas isso é arriscado.
- Não é bem isso.
- Não é, então é o quê?
- Há uma pessoa que nos quer ver a fazê-lo.


Abel não precisava de dizer mais nada. Imediatamente, lançou um olhar inquisidor para a mulher que estava sentada a seu lado, a argentina Fernanda. De inicio, o seu olhar era intimidador, e ela respondia com um cândido sorriso. Mas passado alguns instantes, a expressão tinha mudado, primeiro para um de sorriso malandro, e depois para um de riso aberto. Aproximou-se dela e segredou no ouvido:

- Com que então, a menina quer nos ver na queca.
- Queca? No entiendo.
- Eu explico. A menina nos quer ver a fazer amor, enquanto mete os dedinhos nessa sua vaginazinha, e tenta ficar excitada. E fetiche ou você é assim?
- Depende.
- Depende? Olha, olha... veremos, veremos.
- Isso é um sim ou um não?
- Veremos... espera até ao final do jantar. Deixa falar com ela. Confesso que não tenho muita vontade de ter espectadores no nosso espectáculo privado, mas... pode ser que esteja bem disposto.

A conversa terminou por ali. Logo a seguir, virou-se para Natália e disse:

- Foi ela que te sugeriu?
- Sim, foi. Um pouco estranho, mas hoje, com este calor, não consigo pensar direito. Desculpa se te chateei...
- Não, deixa estar. Esta mulher é um pouco estranha. Ela apalpou-me a perna na hora do almoço, sabias?
- O quê?
- Acho que tem isto tudo planeado. Não sei com que intenção. Não a conheço, não a conheces, duvido que o Javier ou a Olivia a conheçam muito bem, não sei que carta tem escondida na manga.
- Que dizes? Não queres?
- Tou tentado a isso, mas aquele apalpanço queria dizer algo, não só isso... há uma parte de mim que quer saber quem e ela e porque é que quer tal coisa.
- Então é sim?
- É, e seja o que Deus quiser...

Abel baixou a mão para a cintura de Natália, e abriu-a, para que ela visse e pusesse a mão dela, para que pudessem entrelaçar com força, um gesto de amor que se sentia naquele momento. Virou-se para o ouvido dela e disse:
- O que quer que aconteça, amo-te, ouviste?
- Ouvi.

Logo a seguir, virou-se para Fernanda, e encostado ao ouvido dela, disse:

- Tem garantida a sua noite de loucura. Agora não se livra de uma bela explicação sobre as suas intenções, ouviu?

Fernanda limitou-se a sorrir. Já tinha garantida a noite.

(continua no próximo capítulo)

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