O Amor é... Capitulo 1

«Não sou nada. Nunca serei nada, não posso querer ser nada. A parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo»

Alvaro de Campos.

Por estes dias, ando sombrio e triste. Não é que não passa nada, simplesmente, o Verão deveria vir em força, mas no fim aparece a chuva, e estraga-te os planos.

Pessoal e psicológicamente, estou numa encruzilhada. Não tenho onde cair morto, não tenho namorada, tenho pouco dinheiro, e sinto-me isolado no sitio onde estou. Sinto-me encalhado em terra, abandonado como um velho trapo, sem nada que me alegre ou inspire. Preciso de uma musa inspiradora, algo que me diga porque é que vale a pena viver, pois de resto, sindo o peso do abandono aos meus ombros.

Tenho idade para ter juízo, mas não tenho. E o paradoxo é que não bebo para esquecer, nem engato miudas para ter quecas sem significado, do qual esqueço a cara passados dez minutos depois dela sair pela porta. Deveria iniciar um processo de auto-destruição, mas não há nada que engatilha isso. Parece que não existe essa bomba dentro de mim...

O que é que se faz quando encontramos alguém que sabemos que pode ser "a tal", mas que tem o pensamento noutro lado? Deixa-se em paz, e reza para que as coisas corram mal para ela, para que depois corra para os nossos braços, ou volta-se a insistir na mesma tecla, esperando em vez de pena, hostilidade? O que sei pela minha experiência é que, se nos aproximarmos e tornamos amigos de alguma mulher, depois quando dizemos o que sentimos, ela não nos corresponde porque pensa que ir para a cama com ele é como ir para a cama com o irmão ou algo do género...

Eu tive isso. Encontrei-a, mas ela não quer nada comigo. potêncialmente, tem tudo para dar certo, mas ela tem o pensamento noutro lado, noutra pessoa. A sensação que ficas é que chegaste tarde demais, não por culpa própria, mas porque as circunstâncias assim o entenderam.

Confesso que ando farto de embater nesse tipo de pessoas. Enfim, sempre é bom conhecer novas pessoas, mas quando se vê que há a possibilidade de acontecer alguma coisa, sorry... ocupado!

O que é que se faz, então? Lamenta-se, ou parte-se para outra? A segunda opção parece ser a melhor... mas com quase 32 anos, a minha vontade é de fechar a loja e não procurar mais. Nenhuma das meninas que te vêm são para ti, acabou, parece dizer a minha consciência. Mas não tenho espírito de gay, digo eu. Eu sei, diz a consciência. Tens espírito de celibatário.

Mas como é que vou viver uma vida celibatária, se não tenho dinheiro?, eu retruco. Well, get a job, motherfucker! conclui de um modo firme.

Se calhar, é isso que preciso...