
- Alex, já sabes se já chegaram?
- Não, ainda não. Acho que falta ainda alguns minutos ou coisa assim.
- Acho que a chegada está prevista para as 9 e meia – disse uma voz feminina na mesa.
- Pete, não achas irónico?
- O quê?
- A maior realização da tecnologia americana e tu estás a vê-lo no estrangeiro?
- Não é assim tão irónico. Não estamos na União Soviética…
- AHAHAH… - riu-se Alex – de facto, tens razão.
- Mas estamos na Suiça – esclareceu uma segunda mulher.
- E o Lago Lemán à nossa frente. Brindo a ele – disse Alex, segurando o copo na mão. Brindo ao lago, a nós e aos senhores Armstrong, Aldrin e Collins. Graças a eles, vou assistir a algo único.
Os presentes acompanham-no no brinde. Tchin tchin! Depois de saborear um trago, Alex vira-se para Pete:
- O Beaufort não era para vir?
- Vêm, mas esse cara está atrasado, como sempre.
- Sim, se ele atrasa no casamento, porque ele se iria atrasar para isto? – respondeu uma das mulheres.
- Mas para as corridas, a coisa pia mais fino – respondeu Alex. Não lhe convêm, pronto, porque senão era despedido da sua equipa e depenado no seu país… - concluía, sorrindo.
- Tu és sacaninha – replicou Pete.
- Eu sei, isto é a brincar, pessoal – respondeu.
Os quatro estão a passar bem o seu serão, com um olho atento para a televisão, para saber do momento em que o homem chega à Lua, naquele distante dia 21 de Julho de 1969. Nesse dia, quem poderia imaginar que menos de cinco anos depois, uma daquelas personagens estaria morta?

Ao seu lado, tinha um prodígio de 24 anos, vindo de um país sem tradição automobilística: a Sildávia. Chamava-se Alexandre Moreira, e cumpria o seu primeiro ano de competição. Não tinha feito ainda grande coisa, mas demonstrava potencial, pois aprendia rápido os truques da pista e dos carros. Conseguia afinar tão bem como Aaron, que tinha quase dez anos de experiência de Formula 1, o que tinha deixado espantado. Quando o viu correr no Mónaco, a bordo do Yomura de Formula 2, sabia que tinha talento em potencial. E uma mulher muito bonita.
Na realidade não eram casados. Mas tinham todo o ar de ser. Catarina Weidlinger era de origem alemã, cujos pais tinham fugido trinta anos antes do regime nazi. Tinha uma paixão: a fotografia. A sua beleza natural, cara angelical, sorriso contagiante e grandes olhos azuis, fazia qualquer um não evitar olhar para ela. Mas isso se não a vissem com uma máquina fotográfica à sua frente. A Yomura adoptou-a logo, como fotógrafa (e também cronometrava os tempos de Alex), pois todos gostavam dela, pois para além de ser bela, era simpática e agradável perante todos.
A última pessoa era Angélique. Depois de Sarti, ela ficou com o velho Pete. Casaram-se e acompanhava-o nas corridas, embora com menos frequência. Já tinha visto muitas mortes no seu currículo, especialmente depois de Nino Barlini. Agora, ficava em casa e rezava para que Pete voltasse a casa com o troféu de vencedor… e vivo.
Entretanto, a campainha toca. Angelique levanta-se e vai correr para a porta. Os outros comentam:
- É o Beaufort. Finalmente! – comentou Alex.
- A equipa está completa – retorquiu Pete.
Pierre Charles de Beaufort entra na sala, acompanhado de uma bonita jovem de cabelo escuro. Era a sua mulher. Alex cumprimentou-o e disparou:
- Mon chér, os senhores Armstrong e Aldrin não esperam por si – exclamou Alex.
- Atão, Pete, o chavalo mal chegou à equipa e é o dono do galinheiro? – retorquiu Beaufort.
- Mas ao menos chega a horas – advertiu Pete.
- OK. Desta vez a culpa não é minha. Tivemos um furo – justificou, mostrando as mãos negras pelo facto de ter trocado o pneu furado. Alex repara nisso e corre à casa de banho para lavar as mãos – e não há telefone por perto… vou lavar as mãos. E já agora, chegaram?
- Não, para isso estás adiantado – respondeu Pete.
- O que é um feito, hehehe… - retorquiu Alex, ecoando a sua voz vinda do banheiro.
Pete Aaron repreende-o:
-Alex! Acalma-te.
Alex, vindo da casa de banho a limpar as mãos à toalha, reagiu de imediato.
- Desculpa, é do vinho… por falar nisso, gostaste?
- Oh sim, nem acredito que a tua quinta faça vinhos destes – respondeu, segurando a garrafa na mão – Isto é excelente. Vocês exportam?
- Claro. França, Espanha, Inglaterra… não sei se exportamos para os Estados Unidos. Isso é mais área do meu pai, o Conde…
- E o teu pai sustentou-te a tua carreira?
- Só quando viu o meu talento. A minha sorte foi a garagem do meu tio. Somos todos entusiastas dos automóveis, mas só o meu avô é que competiu, no inicio do século. Depois de acabar, ele foi (e ainda somos) o importador da Mercedes para o meu país. E ganhamos muito dinheiro com isso – afirmou – Mas tive que comprar um Mini Cooper para competir, e correr sob pseudónimo, que era para ele não descobrir. Mas na minha primeira prova que correi, ganhei, e apareci nos jornais do dia seguinte.
- E quantos anos tu tinhas? – perguntou Pete.
- 17. respondeu Alex.
- Como é que aprendeste a conduzir?
- Graças ao meu avô, hahaha… - respondeu, sorrindo - eu e as minhas irmãs aprendemos cedo a conduzir. Antes dos 14 anos andávamos todos no 300 SL do meu avô, a controlar aquele monstro – concluiu, com um certo orgulho.
- Portanto, quando pegaste no Mini, foi fácil – retorquiu Beaufort, que entretanto tinha sentado à mesa.
- Mais ou menos. Era um nervosinho… quando cheguei a casa, levei um raspanete do meu pai, e proibiu-me de guiar até fazer 18 anos e tirar a carta. Mas isso aconteceu três meses depois. Sabes qual foi a minha prenda dos 18 anos? – afirmou.
- Não – Respondem quase todos.
- A minha licença desportiva, oferta do meu avô – responde, orgulhoso. Não sei como, mas conseguiu arranjar isso antes de ter sequer uma carta de condução! - concluiu com um sorriso.
- E eu, que comecei num MG em Peeble Beach, comprado com o meu suor de mecânico… - suspirou Pete.
- O que é um grande feito – respondeu Alex – Ei, também adoro ir sujar-me à oficina e tirar o melhor do carro. Podemos ter sangue azul, mas adoramos o cheiro a gasolina, óleo e borracha queimada – concluiu.
- O puto tem razão. Temos algo em comum: adoramos o que fazemos – disse Beaufort.
- Oh sim, nem acredito que a tua quinta faça vinhos destes – respondeu, segurando a garrafa na mão – Isto é excelente. Vocês exportam?
- Claro. França, Espanha, Inglaterra… não sei se exportamos para os Estados Unidos. Isso é mais área do meu pai, o Conde…
- E o teu pai sustentou-te a tua carreira?
- Só quando viu o meu talento. A minha sorte foi a garagem do meu tio. Somos todos entusiastas dos automóveis, mas só o meu avô é que competiu, no inicio do século. Depois de acabar, ele foi (e ainda somos) o importador da Mercedes para o meu país. E ganhamos muito dinheiro com isso – afirmou – Mas tive que comprar um Mini Cooper para competir, e correr sob pseudónimo, que era para ele não descobrir. Mas na minha primeira prova que correi, ganhei, e apareci nos jornais do dia seguinte.
- E quantos anos tu tinhas? – perguntou Pete.
- 17. respondeu Alex.
- Como é que aprendeste a conduzir?
- Graças ao meu avô, hahaha… - respondeu, sorrindo - eu e as minhas irmãs aprendemos cedo a conduzir. Antes dos 14 anos andávamos todos no 300 SL do meu avô, a controlar aquele monstro – concluiu, com um certo orgulho.
- Portanto, quando pegaste no Mini, foi fácil – retorquiu Beaufort, que entretanto tinha sentado à mesa.
- Mais ou menos. Era um nervosinho… quando cheguei a casa, levei um raspanete do meu pai, e proibiu-me de guiar até fazer 18 anos e tirar a carta. Mas isso aconteceu três meses depois. Sabes qual foi a minha prenda dos 18 anos? – afirmou.
- Não – Respondem quase todos.
- A minha licença desportiva, oferta do meu avô – responde, orgulhoso. Não sei como, mas conseguiu arranjar isso antes de ter sequer uma carta de condução! - concluiu com um sorriso.
- E eu, que comecei num MG em Peeble Beach, comprado com o meu suor de mecânico… - suspirou Pete.
- O que é um grande feito – respondeu Alex – Ei, também adoro ir sujar-me à oficina e tirar o melhor do carro. Podemos ter sangue azul, mas adoramos o cheiro a gasolina, óleo e borracha queimada – concluiu.
- O puto tem razão. Temos algo em comum: adoramos o que fazemos – disse Beaufort.
Fez-se um momento de silêncio. Angelique e Catarina já tinham tirado os pratos da mesa, e a garrafa de vinho tinto já estava vazia. Logo a seguir, Pete olha para a televisão e vê a plateia a aplaudir, e vai ver o que se passa. Quase imediatamente, Beaufort e Moreira olham para o televisor e quase ao mesmo tempo, dizem:
- Jà chegaram, já chegaram! – gritaram, exaltados. O Homem chegou à Lua, meus amigos.
- Isto merece um brinde, vou buscar copos e uma garrafa de whisky – respondeu Pete, que se dirigiu para o armário das bebidas.
Logo a seguir, Alex e Pierre entraram dentro de casa, e sentaram-se no sofá, bem à frente da TV a cores que mostrava imagens em directo da Lua(ironicamente, a preto e branco...). Todos esperavam para a escotilha abrisse e um dos astronautas descesse a escada para pisar pela primeira vez o solo lunar. Pete começa a servir o whisky aos outros dois, mas quando chegou a vez de Alex, este meteu a mão em cima do copo e disse:
- Não obrigado. Não gosto muito de whisky. Não tens Martini?
- Acho que sim, vou ver – respondeu Pete.
Pierre olhou para ele com um certo trocista e disse:
- És mesmo esquisito. Martini?
- Acho que o whisky sabe mal, que queres? Ao menos Martini, que é doce – retorquiu – e é a bebida do James Bond - concluiu, trocista.
Pete chega com uma garrafa de Martini na mão e deitou o seu conteúdo no copo, mais ou menos até meio. Depois, foi buscar um balde de gelo, para colocar nos copos. Entretanto, o apresentador narra a descrição da nave “Eagle” e dos pormenores dos astronautas da Apollo 11 que poucos dias antes tinham abandonado a Terra, rumo à conquista do satélite deste magnifico planeta azul. Pete senta-se no sofá, e Pierre reeinicia a conversa:
- E com isto, vocês ganham a corrida ao espaço. Parabéns, bateram os russos. Isso merece ser comemorado. Proponho um brinde, meus amigos – afirmou, levantando o copo.
Os outros dois acederam ao brinde e deram um golo. Logo a seguir, as mulheres sentaram-se num outro sofá, de esquina, e estavam todos fixados na televisão, esperando pelo momento em homens pisarão outro mundo, num acontecimento único do século XX.
- Ainda vão falar disto no ano 2000 – afirmou Catarina.
- É esse o objectivo, minha amiga – respondeu Pete.
Logo a seguir, Pete Aaron levantou-se e colocou-se à frente da televisão. Todos começaram imediatamente a protestar, mas ele pôs a mão à frente para se acalmarem, e fez uma afirmação solene:
- Pessoal, enquanto eles não saem da nave, tenho um anuncio a fazer: recebi hoje uma noticia de Yomura-san, de Tóquio. Ele disse-me que a equipa decidiu retirar-se da competição no final da época. O anuncio oficial será feito em Monza, mas ele já me comunicou a mim, em telegrama. Depois dirá pessoalmente a nós todos em Nurburgring, no próximo Grande Prémio. Assim sendo, decidi tomar duas decisões. A primeira é que na temporada de 1970, vou criar a minha equipa. E a segunda, que já é do conhecimento da minha mulher, é de que esse será o meu último ano em competição. E comuniquei isso a Yomura-san. Por causa disso, ele deu-me a mim, de graça, motores Yomura V8 em exclusivo.
- Parabéns, disse Pierre. Mas precisamos de um chassis. Qual vai ser?
- Vamos criar um nosso, ou vamos comprar à McLaren ou à Brabham? – questionou Alex.
- Isso verei logo. Podemos até comprar o chassis da Yomura.
- Que não é o primor da tecnologia, Pete – retorquiu Pierre
- Pois, o Lotus 49 e o Stoddart são o nosso alvo a abater. Podemos ter o melhor motor, mas temos um mau chassis… - lamentou Alex.
- A diferença não é muita, rapazes – disse Pete, no sentido de animar a malta
- Ó Pete, desculpa ser desmancha-prazeres, mas já viste as geringonças aerodinâmicas que andam a meter? – questionou Alex – é que vão começar a fazer diferença.
- Geringonças que começam a ser perigosas. Viste a cara do Reinhardt, em Barcelona? – afirmou Pierre.
- Pois. Nessa, tive sorte. Não corri… Mas já andei com coisas bem esquisitas na Formula 2.
- Ah pois, aviador… - gozou Pierre.

Todos começaram a aplaudir. “Bravo, eu não faria melhor”, disse Pierre de Beaufort. “Daqui a 30 anos, estamos a correr na Lua”, respondeu Alexandre Moreira. “Eu não diria tanto”, arrefeceu Pete Aaron. “Primeiro, estabelecemos a colónia lunar, e depois constrói-se um circuito”, concluiu. "Desde que não seja uma das vossas ovais...", replicou Alexandre, entre risos.
Logo depois, todos se levantaram e foram lá para fora. A lua brilhava no Céu, e o seu reflexo iluminava o Lago Leman. Todos em uníssono levantaram os seus copos, e Pete fez o brinde:
- Ao futuro. E à Lua.
- À Lua! – responderam todos.
2 comentários:
e afinal, quem morreu????
Ninguém, ainda. É o primeiro capítulo de uma história. Por agora, goza a Lua...
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